quarta-feira, 29 de junho de 2011

trechos de L. Ferlinghetti

'Olhei para minha terra natal
e não vi anjo nenhum.
Gosto daqui
e nem penso voltar
para donde vim.
Tenho perambulado solitário
como as multidões
Já tentei o silêncio
o exílio e a astúcia.
Útero ulterior
estou farto dele.
Tenho viajado.
Ouvi Debussy
filtrado por um lençol.
Ouvi pássaros
ressoando como sinos.
Tenho visto estátuas de heróis
nos entrocamentos.
Quem diria
a alma também tem crises.
Eu sofri
um pouco.
Não sofri em público.
Sou jovem demais para morrer.
Eu tenho planos para o futuro.'


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sussurros de um caminho bem iluminado

''Walking, stumbling on these shadowfeet
Toward home, a land that I've never seen
I am changing
Less and less asleep
Made of different stuff than when I began
And I have sensed it all along
Fast approaching is the day
...
I'll be found in you

You make all things new...''
''
''
Andando, tropeçando nessas pegadas
A caminho de casa, um lugar que eu nunca vi;
Estou mudando
Cada vez menos sonolenta
Feita de coisas diferentes de quando comecei
E tenho tido essa sensação o tempo todo
O dia aproxima-se rapidamente.
...
Estarei firme em ti.

Tu fazes novas todas as coisas.''

domingo, 19 de junho de 2011

A Dança - Pablo Neruda

Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio

Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono. 






 
 

sentidos

'Você é o último. O último humano que chora.'

sábado, 18 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Lua adversa - Cecília Meireles (achado de Sr Jack)

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


quarta-feira, 15 de junho de 2011

-Mário Quintana

E quando minha alma
estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada
me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem,
bebendo o que todos bebem,
comendo o que todos comem.
A estes, a falta de alma não incomoda.

(Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).

-Mário Quintana

terça-feira, 14 de junho de 2011

Poema de Dona Bia Lee (minha amiga de todas as horas)

'O vento ja não acolhe mais minha alma solitaria...

Ja não se torna brisa depois de dias quentes

Ja não faz mais barulho para mim dormir

Ja não empina mais pipas no quintal

Ja não me traz medo e nem segurança

Venta, e as flores dançam na sua melodia

Porem eu, eu ja não danço mais

O vento, ja não tem mais sabor

Nã sustenta minha alegrias da tarde comprida

Da noite de ano novo

Do Natal tão esperado

Ja não transforma mais os meses em anos

E nem interiores em metropóles

Ja não faz rios fundos

E animais gigantescos

Mas, me disseram que o vento continua o mesmo

E quando com tristeza percebo que não foi o vento que mudou

Deixo derramar uma lagrima sobre as folhas que o vento espalhou pelo chão da casa que um dia parecia não ter fim

E que agora, são apenas pequenos comodos para alguem que ja não é mais criança como o vento encantador!'



Mario Quintana


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Minh'alma

Se ao me olhares
Vires apenas o meu sorriso
É pq vês a minha alma...
Mas, se ao me olhares
Seu coração sorrir...
É pq sua alma olha a minha!

domingo, 12 de junho de 2011

Clarice Lispector

"Porque ela nascera para o essencial, para viver ou morrer. E o intermediário era-lhe o sofrimento. Sua existência foi tão completa e tão ligada à verdade que provavelmente na hora de entregar-se e findar, teria pensado, se tivesse o hábito de pensar: eu nunca fui. Também não se sabe o que se fez dela. A uma vida tão bela deve ter-se seguido uma morte bela também. Certamente hoje é grãos de terra. Olha para cima, para o céu, durante todo o tempo. Às vezes chove, ela fica cheia e redonda nos seus grãos. Depois vai secando com o estio e qualquer vento a dispersa. Ela é eterna agora."


sábado, 11 de junho de 2011

C.S. Lewis Song - Brooke Fraser


If I find in myself
desires nothing in this world can satisfy,
I can only conclude
that I, I was not made for here
If the flesh that I fight is at best
only light and momentary,
then of course I'll feel nude
when to where I'm destined I'm compared
Speak to me in the light of the dawn
Mercy comes with the morning
I will sigh and with all creation groan
as I wait for hope to come for me
Am I lost or just less found?
On the straight or on the roundabout
of the wrong way?
Is this a soul that stirs in me
is it breaking free, wanting to come alive?
'Cos my comfort would prefer for me to be numb
And avoid the impending birth
of who I was born to become
For we, we are not long here
Our time is but a breath,
so we better breathe it
And I, I was made to live
I was made to love
I was made to know you
Hope is coming for me
Hope, He's coming for me...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

As mãos de meu pai - Mario Quintana



As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já da cor da terra - como são belas tuas mãos pelo quanto
lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento.
Ah! Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...essa chama de vida - que transcende a própria vida...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Jack Kerouac

''O esquilo saiu correndo para o meio das pedras e uma borboleta saiu voando. Tudo era simples assim."

sexta-feira, 3 de junho de 2011